Thriller policial

Trama Digital – Capítulo 11

Armadilha

20 de junho de 2024

Foi uma quinta-feira completamente atípica no COIMG.  Quando Bernardo e a equipe chegaram à sala de operações, depararam-se com vários equipamentos e  um laboratório pronto para a ação. Ao lado, enfermeiros e socorristas de prontidão. Na área do buffet, uma equipe de cozinha estava ocupada, com uma mesa cheia de alimentos..

Martim chegou pontualmente às 8h, acompanhado por dois seguranças e indicou que a reunião começasse.

— Bom dia a todos! Vamos começar a reunião e já informo a vocês que hoje será um dia diferente. Enquanto o Bernardo traz as informações com as últimas atualizações das investigações, será servido um café da manhã para todos. Como vocês já sabem, meus dados consultados indicam que estou na lista. As medidas que tomei foram as seguintes:

  1. Minha família viajou para bem longe do estado, lugar não revelado a ninguém.
  2. Não me alimentei em casa desde ontem à noite. Tomarei meu café da manhã aqui hoje, com vocês.
  3. Depois da reunião, voltarei aqui na hora do almoço, à tarde e também jantarei aqui. Até água, só consumirei aqui nesta sala.
  4. Todos os alimentos serão testados antes do consumo para tentarmos identificar se será feita alguma tentativa de envenenamento. Se for, tentaremos identificar qual é a fonte de entrada utilizada por esse assassino serial.
  5. Se não houver tentativa hoje, repetiremos o procedimento nos próximos dias, até descobrirmos algo.

Martim se senta e os procedimentos da cozinha e laboratório começam, enquanto Bernardo se prepara para falar.

Uma funcionária entrega um galão de água, o adoçante, o pote de açúcar e o de o pó de café para a equipe laboratorial, que utiliza seus equipamentos modernos para testes e liberam o uso. Pouco antes, foram testados nos aparelhos os pratinhos, xícaras, filtro de café e talheres. Enquanto o café era coado, uma fornada de pães de queijo fica pronta e vai para os testes.

Bernardo inicia sua apresentação:

— Bom dia! Vou fazer essa apresentação hoje, mas que é fruto das investigações tanto de nossa equipe, quanto do investigador escolhido pelo diretor Martim.  Nossas pesquisas chegaram a um suspeito que pode ser muito beneficiado com o projeto de aprovação dos jogos. É um empresário chamado Fernando Ferrari. Em seu histórico, temos que ele chegou a abrir duas casas na capital, que foram fechadas pela fiscalização por não serem permitidas. Seus dados mostram que ele fez doações altíssimas para os candidatos à Assembleia que possuem discurso de liberação dos jogos.

— Chegaram a pesquisar se a previsão de faturamento de uma casa de jogos tem valores expressivos? — perguntou Martim.

— Sim, os valores podem ser altos, mas o tempo de retorno é longo, devido ao alto investimento que é necessário com equipamentos e desenvolvimentos de apps de apostas. Acreditamos que a motivação é outra. Os jogos podem estar sendo utilizados para implantarem uma rede de roubo de dados oficialmente no país.

— Como assim?

— A maioria dos sites de apostas estão associados a provedores internacionais, muitos que não sabemos onde ficam. Uma rede de hackers mal intencionados pode estar financiando os empreendimentos para ter acesso a dados pessoais, bancários, cartões de créditos e tudo mais, de forma fácil. Seria uma rede pequena que possuiria, em pouco tempo, o poder de informações que gigantes da tecnologia como Google, Apple ou Microsoft conseguem coletar.

E prosseguiu:

— Eles já coletam isso hoje, mas de uma parcela pequena de pessoas. Se o projeto de lei for aprovado, seu público pode aumentar. Podem querer ter o mesmo potencial de venda dessas empresas de tecnologia, sem se tornarem do mesmo tamanho, ou pior: podem usar os dados para aplicação de golpes financeiros. Levamos em consideração que há tecnologia estrangeira na criação dessas máscaras de IPs que parecem ser da Islândia. Nesse caso, um hackeamento das contas com desvio e transferências de dinheiro para outros países ou criptomoedas tornaria a operação uma atividade muito difícil de ser identificada.

Bernardo troca os slides e continua:

— Junto aos dados do Fernando, fizemos o cruzamento de relacionamentos pela Internet e chegamos a outras quatro pessoas, que podem estar envolvidas. Fernando esteve internado numa clínica de desintoxicação de tecnologia no mês de janeiro deste ano.

— Do ramo de jogos, que se considera viciado em tecnologia, e quer abrir uma rede de jogos? — perguntou Martim.

— Acreditamos que é um disfarce usado por ele ou que seja para fazer contatos. Ele já se internou outras vezes mas não demonstrou mudar seu comportamento após as internações.

Bernardo faz uma pausa para tomar uma água enquanto o café e o pão de queijo são servidos a todos os presentes, para que não percam os detalhes apresentados. Assim, logo retoma a apresentação:

— Um mês após sair da clínica, o celular de Fernando foi registrado junto com o de outra pessoa que fez o tratamento de desintoxicação no mesmo período. Ambos os celulares estavam na entrada do Parque da Liberdade no dia 24 de fevereiro. Cris, como é conhecido, é um programador em Python, atualmente cursando uma faculdade de tecnologia. É possível que tenham se encontrado, embora não façam contato por telefone, e-mails ou mensagens. Os crimes só começaram a acontecer um mês após essa data, em 28 de março. Os contatos de Cris, online, ocorrem em maior frequência com dois amigos que estudam na mesma faculdade e já eram conhecidos antes: Rafael e Beto. Com menos frequência, Cris mantém contato com César, que também estava na clínica no período. Vasculhamos todas as conversas, as pesquisas realizadas e os rastros de todos eles no Banco de Dados Nacional e não encontramos nenhuma pista que os incrimine. Só conversas sobre jogos.

Bernardo concluiu, explicando qual seria o próximo passo:

— Diante disso, partimos da hipótese que, sendo programadores, eles podem ter instalado algum tipo de software que mascare suas atividades na Internet para não serem rastreados e inseridos no Banco de Dados Nacional. Então, estamos aguardando uma autorização judicial, ainda hoje, para busca e apreensão de todos os equipamentos eletrônicos nas casas dos cinco suspeitos para um estudo aprofundado. Mas não há indícios, é uma hipótese nossa.

Bernardo fez outra breve pausa para retirar os slides da tela e apresentar o relatório de atividades de Internet dos suspeitos quando são interrompidos por um barulho na sala.

Assustados, todos olham e veem Martim caído no chão.

Trama Digital é uma obra com registro de direitos autorais.

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