Poema

Fogos de artifício íntimos

Dedico este poema à presença de meu pai

Em cada explosão
Deposito uma frustração,
Uma mágoa, uma tristeza,
Uma meta não cumprida
Com a esperança de
Haver fogos suficientes
Para eliminar todas as pendências,
Suprir todas as carências
Que o ano viu me acompanhar.

Renovado, sem dívidas íntimas,
Sinto-me livre e saio a voar
Viajando em meu eu
Para concluir que
Em qualquer tempo, qualquer explosão
É, na verdade, uma continuação
Dos fogos com cheiro, gosto e cores
Daquela sempre presente noite
De quinze de agosto.

Onde importante me senti
Ao lado do meu pai,
Enquanto os fogos nos cobriam pelo céu,
E o coração batia à flor da pele,
Eu enxugava algumas lágrimas, de vergonha.
Hoje, o cheiro da pólvora já me emociona,
O desenho no céu me acelera,
E enquanto o coração explode apertado
Enxugo algumas lágrimas, de saudade.

(Em Conceição do Mato Dentro)


Poema registrado, a ser publicado no próximo livro.

Poema também publicado no livro biográfico Presença.

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